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Narcisa Amália

Narcisa Amália

Escritora brasileira

Narcisa Amália
Narcisa Amália c. 50 anos de idade, em bico de pena do desenhista M. J. Garnier, datado de 1906.

Narcisa Amália, escritora, tradutora de francês, poeta brasileira e primeira jornalista mulher do país, abrindo o caminho para as que viriam mais tarde. Muito à frente se seu tempo, ela se dedicou a pautas abolicionistas e feministas com artigos corajosos e impactantes à sociedade misógina e patriarcal da época, tais como: A emancipação da mulher e A mulher no século XX.

Narcisa Amália de Oliveira Campos nasceu em São João da Barra , em 3 de abril de 1856, Rio de Janeiro, filha do poeta Jácome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos. Estudou latim e francês com o padre Joaquim Francisco da Cruz Paula, e recebeu aulas de retórica de seu pai.

Aos 11 anos, mudou com a família para o município fluminense de Resende, onde, por volta dos 14, se casou com João Batista da Silveira, artista ambulante de vida irregular, de quem se separou alguns anos mais tarde, o que lhe causou muitos transtornos por conta da mentalidade de seu tempo.

Abandonada pelo marido e tendo que prover a sua subsistência, ela iniciou sua carreira como tradutora de contos e ensaios de autores franceses. Não demorou para acumular funções de redatora, tradutora do folhetim e revisora na Gazetinha, de Resende, colaborando também com assiduidade em jornais do Rio e de São Paulo.

Destacou-se subscrevendo artigos de cunho político e social, lutando especialmente pelos direitos da mulher em pleno regime monárquico, alçando-se até os ideais republicanos.

Em 1872, após a publicação de seu primeiro e único livro, “Nebulosas”, composto por 44 poemas, ganhou notoriedade e reconhecimento com a repercussão de seus versos que equilibram lirismo e comentários políticos, com ideais progressistas, provocando o escândalo de certos críticos. Em1874 publica Nelúmbia, contos.

Em 1880, aos 28 anos, casa-se com um certo Cleto Rocha, português, conhecido em Resende pelo epíteto de Rocha Padeiro, depois de se tornar viúva. Casamento que não durou muito, apesar de Narcisa ter se desdobrado para conciliar sua produção intelectual com as atividades domésticas, sobrecarga que nós, mulheres, ainda temos que absorver. Nos primeiros anos ajuda o marido, mas continua a receber em seus saraus os amigos literatos em sua casa como Raimundo Correia, Luís Murat, Alfredo Sodré e inclusive o Imperador Dom Pedro II que em sua passagem à Resende, vai visitar “a sublime padeira” , por estar ansioso “por lhe provar…do pão espiritual” embora seja ela a poeta fervorosa republicana e abolicionista.

Que “macho” suporta ver sua esposa fazer tanto sucesso? O resultado foi um segundo divórcio, que se mostrou fatal à sua carreira. O ex-marido pôs-se a difamá-la e a dizer que o livro não era dela, mas de um homem com pseudônimo de mulher.

Em 1874, 1888 e 1917, ela contribui com o “Novo Almanaque de Lembranças”, que era uma coletânea de textos diversos que tinha grande circulação em Portugal e no Brasil.

Em 1889, com apenas 33 anos, o constante enfrentamento de preconceitos da sociedade conservadora brasileira interrompeu a carreira literária de Narcisa, que se exila em São Cristóvão, no Rio de Janeiro e vai lecionar em uma escola pública. Em 13 de outubro de 1884, ela funda um pequeno Jornal Quinzenal, “o Gazetinha”, suplemento do Tymburitá que tinha como subtítulo, “folha dedicada ao belo sexo”.

Ela faleceu aos 72 anos, em 24 de junho de 1924, cega e paralítica, na cidade do Rio de Janeiro, complicações de diabetes. Mas antes de sua morte, deixou um apelo: “Eu diria à mulher inteligente […] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos”.

Leia mais sobre a escritora

Templo Cultural de Delfos

Memória Feminista Antirracista

Wikipedia

Wikipedia

Folha mulher (Folha de São Paulo)

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