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Dia Internacional da Mulher - 8 de março - Cora Coralina

Dia Internacional da Mulher – 8 de março

Cora Coralina

Dia Internacional da mulher - 8 de março - Cora Coralina
Geovana Roman – Wikipédia

Dia Internacional da Mulher – 8 de março: mais uma escritora brasileira para ser lembrada.

Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em Villa Boa, hoje cidade de Goiás, em 20 de agosto de 1889. Mulher guerreira, enfrentou muitas adversidades para lançar seus livros.

Em seus escritos sobre adversidades, limitações e preconceitos, Cora mostra a mulher de fibra que era, muito além de seu tempo. Em sua obra, não deixou de falar da rigidez e do preconceito da sociedade: “Nasci em tempos rudes. Aceitei contradições lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo. Aprendi a Viver.” Tendo sido oprimida durante a maior parte de sua vida, se sentiu liberta na velhice: “Não quero mais limitação na minha vida. Fui limitada na primeira infância, fui limitada de menina, fui limitada de adolescente, fui limitada de casada e não quero ser depois de velha. Hoje, não me sinto livre, me sinto liberta.”

Sua preocupação com a discriminação da mulher aparece no poema Mulher da vida.

Mulher da Vida,

Minha irmã.

De todos os tempos.

De todos os povos.

De todas as latitudes.

Ela vem do fundo imemorial das idades

e carrega a carga pesada

dos mais torpes sinônimos,

apelidos e ápodos:

Mulher da zona,

Mulher da rua,

Mulher perdida,

Mulher à toa. Mulher da vida,

Minha irmã

Sem cobertura de leis

E sem proteção legal

Ela atravessa a vida ultrajada

E imprescindível, pisoteada, explorada,

Nem lhe reconhece a dispensa

Nem lhe dá proteção.

E quem já alcançou o ideal dessa mulher,

Que um homem a tome pela mão,

E levante, e diga: minha companheira.

Ela cursou até a terceira série do curso primário, hoje o fundamental, mas começou a escrever contos e poema aos 14 anos de idade. Aos 15 anos publicou-os no jornal de poemas A Rosa criado com algumas amigas. Em 1910, aos 21 anos, seu conto “Tragédia na Roça” foi publicado no “Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás”, usando o pseudônimo de Cora Coralina, para disfarçar a autoria, afinal, moça de família casadoira não podia perder tempo com escritos.

Depois conheceu Cantídio Tolentino Bretas, um advogado casado e separado, de quem ficou grávida. Fato inaceitável para a época e lugar. Por isso, em 1911, Ana fugiu com ele, indo morar em Jaboticabal, no interior de São Paulo. Em 1922 foi convidada para participar da Semana de Arte Moderna, mas foi tolhida pelo marido.

Depois da morte do marido, em 1934, começou a trabalhar na Editora e Livraria José Olympio, vendendo livros de porta em porta. Assim, era obrigada a se manter atualizada a respeito de obras e autores, e sobre as mudanças em curso na literatura brasileira. Teve que se tornar doceira para sustentar os 4 filhos, tarefa que fazia com gosto. Valorizava mais seus doces do que seus poemas escritos em folhas de cadernos.

Depois de 45 anos fora de Villa Boa, decidiu regressar à terra natal, para a Casa Velha da Ponte à margem do rio Vermelho. Só em 1936, depois de se mudar para Andradina, São Paulo, começa a escrever para o jornal da cidade. Em 1959, aos 70 anos, aprende datilografia para preparar suas poesias e entregá-las aos editores.

Seu primeiro livro foi publicado em 1965, aos 75 anos, um sonho finalmente realizado. Mas não parou por aí. Tomou posse da cadeira n.º 5 da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás e em 1970 Publicou seu segundo livro, Meu Livro de Cordel e depois Vintém de Cobre, já com 90 anos. O reconhecimento do público tomou grande impulso depois dos elogios de Carlos Drummond de Andrade, em 1980, em uma carta endereçada a ela.

Dia Internacional da Mulher - 8 de março - Cora Coralina
Monumento Cora_Coralina _ Geovana Roman

Obras de Cora Coralina

Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, poesia, 1965

Meu Livro de Cordel, poesia, 1976

Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha, poesia, 1983

Estórias da Casa Velha da Ponte, contos, 1985

Os Meninos Verdes, infantil, 1980

Tesouro da Casa Velha, poesia, 1996 (obra póstuma)

A Moeda de Ouro Que um Pato Engoliu, infantil, 1999 (obra póstuma)

Vila Boa de Goiás, poesia, 2001(obra póstuma)

O Pato Azul-Pombinho, infantil, 2001 (obra póstuma)

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